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A expansão do brasil na Agricultura

Finalmente o Brasil vai ultrapassar a barreira de 300 milhões de toneladas de grãos na safra 2022-2023. Já era para ter acontecido antes. Mas quebras nas últimas duas safras impediram isso. Vai ser preciso uma safra sem quebras, para a marca dos 300 milhões de toneladas ser superada.

Os próximos degraus de 100 milhões serão bem mais fáceis. O Brasil entrou numa fase de grandes expansões na produção agrícola. A grande surpresa vai ser o crescimento da produção de milho. Com a produção na safrinha, o Brasil abriu a possibilidade de fazer duas safras no verão. Isso dobrou a capacidade de produção de grãos no Brasil. No princípio não foi fácil. Mas aos poucos o Brasil foi aprendendo a aumentar a produtividade da safrinha e a rentabilidade, melhorando.

Hoje o Brasil produz, em 40 milhões de hectares, na primeira safra de verão, predominante soja. Na segunda safra de verão, a safrinha, o Brasil produz, em 17 milhões de hectares, milho. Com alguns percalços pode chegar a mais de 30 milhões de hectares de milho na safrinha. O que deve dobrar a safra de milho, que hoje oscila em torno de 120 milhões de toneladas, 30 milhões na primeira safra de verão e 90 milhões na safrinha. Logo, vai ultrapassar as 200 milhões de toneladas de milho, com a ampliação da área plantada na safrinha. Isso vai mudar a estrutura da agricultura brasileira. O milho vai passar a ser o carro-chefe. O que vai aproximar a agricultura brasileira do formato da agricultura norte-americana. Lá são produzidas 400 milhões de toneladas de milho e 120 milhões de soja.

O Brasil produziu, na safra 2021-2022, 125 milhões de soja, 33% da produção mundial. Na safra 2022-2023 a previsão é de atingir 150 milhões de toneladas, 40% da produção mundial estimada. O que já é uma restrição para o crescimento da produção da soja no Brasil. Vai ser muito difícil ultrapassar a barreira de 50% da produção mundial.

Com relação ao milho, a participação da produção brasileira no mercado mundial é bem menor. O Brasil produz, em torno de, 120 milhões de toneladas, 10% da produção mundial. Se o Brasil atingir a produção de 200 milhões de toneladas, a participação brasileira no mercado mundial vai para 17%, o que é muito pouco ainda. Se o Brasil atingir 400 milhões de toneladas, a participação vai atingir 35% da produção mundial. Algo que ainda é possível.

Isso vai dar uma maior flexibilidade à agricultura brasileira, que poderá aumentar a produção de milho, reduzindo a safra de soja na primeira safra de verão, sempre que a rentabilidade do milho for maior que a da soja. Geralmente, no Brasil, a soja é muito mais rentável que o milho, pois a produtividade da soja, no Brasil, está na liderança mundial, com 3.500 quilos por hectare. A produtividade norte-americana está um pouco abaixo disso. No Brasil, já existem experimentos que atinge mais de 7.000 quilos de soja por hectare. O que demonstra que o Brasil pode ainda aumentar bastante a produtividade da soja.

Mas não necessariamente, a maior produtividade garante a maior rentabilidade. Essa vai ser a segunda onda tecnológica, procurar a maior rentabilidade. O que muitas vezes implica numa otimização dos insumos.

Atualmente o Brasil enfrenta um aumento drástico dos preços dos adubos, 85% são importados. Isso vai provocar o desenvolvimento de alternativas para fertilização das plantações. Principalmente agora que a produção de milho deve aumentar. O milho necessita mais adubação que a soja.

No milho, a produtividade média brasileira ainda é muito baixa, ao redor de 6.000 quilos por hectare. Os norte-americanos tem uma produtividade acima de 10.000 quilos por hectare. Os melhores agricultores norte-americanos conseguem 18.000 de quilos por hectare. Ou seja, existe ainda uma grande oportunidade de ampliação da produção de milho nos Estados Unidos e no Brasil.

Esse vai ser o maior desafio da agricultura brasileira: aumentar a produtividade do milho. O caminho de desenvolvimento tecnológico percorrido na soja nos ensinou, que o mais vantajoso é desenvolver caminhos próprios. Muitas alternativas desenvolvidas nos Estados Unidos não se adaptam bem no Brasil.

O aumento da produção de milho vai exigir uma melhor infraestrutura. Pois os volumes transportados vão aumentar bastante. Hoje a produção de soja é de 125 milhões e 120 milhões de milho. O que dá 245 milhões de toneladas. Com 400 milhões de milho e 200 milhões de soja, a produção dá 600 milhões de toneladas. O que seria o dobro do volume atual. Esse volume de grãos vai transformar a agricultura brasileira. E vai precisar de uma ampliação da infraestrutura atual. Mas nem tanto assim.

A produção de álcool de milho deve aumentar bastante. Hoje, os Estados Unidos produz, em média, um milhão de barris de álcool por dia, usando 140 milhões de toneladas de milho por ano. O Brasil produz 500 mil barris de álcool por dia, em média, usando 300 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A produção média de álcool de milho ainda é pequena, por volta de 50 mil barris por dia. Só que a rentabilidade do álcool de milho é melhor que a de cana. O que abre espaço para um grande crescimento da safra de milho. Boa parte desse crescimento pode ser absorvido na fabricação de álcool combustível, que poderá ser exportado em grandes quantidades. O que não for absorvido pelas exportações, será absorvido no consumo interno. Os veículos flex possibilitam isso.

A ampliação da produção de álcool de milho vai possibilitar o crescimento da industrialização do Brasil. E ela vai ocorrer no interior do Brasil, principalmente no Centro-Oeste. A maior produtora de milho safrinha. O que vai demandar uma menor infraestrutura. O álcool pode ser exportado por alcooldutos, que são baratos e rápidos de serem construídos. Uma consequência da ampliação da produção de álcool de milho é a ampliação de DDG, uma ração para os animais, que poderá ser consumida localmente ou exportada.

O crescimento do interior do Brasil vai mudar o eixo de crescimento. O interior vai crescer acima da média brasileira. O interior, hoje, que ainda é pouco povoado, ainda não tem grandes centros urbanos.

O crescimento da produção de milho vai transformar o Brasil e vai ser bem mais rápido que o ciclo da soja, que começou com a grande geada de 1975. Vai aproveitar muito da infraestrutura da soja. Até agora, o milho foi uma cultura secundária. Uma necessidade para a rotação de plantio. A sua lucratividade era esporádica.

Com a Guerra Rússia x Ucrânia e a quebra da safra norte-americana de 2022, esse cenário muda. O milho, mesmo no Centro-oeste, passa a ser extremamente rentável. O que deve expandir a área plantada na safrinha. O tamanho da rentabilidade vai calibrar a velocidade do crescimento do plantio do milho. O crescimento da produção de álcool de milho, que está atrelada o preço do petróleo, também vai influenciar a velocidade do crescimento da produção de milho.

Hoje, as exportações de álcool combustível ainda são esporádicas. Mas esse cenário pode mudar. A Índia começa copiar o modelo de produção de álcool de cana-de-açúcar do Brasil. O que vai criar uma segurança maior, para outros países começarem a produzir álcool combustível. Hoje, só os Estados Unidos e o Brasil produzem álcool combustível em grandes quantidades. E consomem quase tudo que produzem.

Ou seja, estamos num cenário extremamente complexo para estimar o crescimento da produção do milho no Brasil. A rentabilidade vai ser o ponto chave.

A rentabilidade da agricultura brasileira aumentou muito no Brasil nos últimos anos, por causa da briga entre os Estados Unidos e a China no governo Trump, que impôs tarifas para os produtos chineses. Em função disso, os chineses impuseram tarifas para a soja norte-americana. O que tornou a soja brasileira muito mais barata para os chineses. O segundo impulso foi a desvalorização do real. Cada um desses cenários durou de dois a três anos e eles tiveram uma pequena superposição.

Um terceiro cenário favorável às exportações brasileira está se formando com o aumento dos preços das commodities agrícolas. O principal ciclo de preços das commodities agrícolas dura sete anos. Estamos entrando na fase de pico de preços nesse ciclo. A Guerra Rússia x Ucrânia exacerbou esse pico. Uma queda na produção norte-americana pode subir esse ciclo mais ainda. Uma seca severa está atingindo a safra norte-americana. O tamanho da quebra ainda está incerta. Vai demorar de dois a três meses para se ter uma boa avaliação das perdas agrícolas nos Estados Unidos.

Os preços das commodities agrícolas estão variando de forma intensa, por causa das expectativas da subida das taxas de juros no mercado financeiro norte-americano. Os especuladores não sabem para onde correr. E estão trocando posições de forma bem brusca e aleatória.

A China reduziu as suas compras de commodities agrícolas. Existem vários motivos para isso. O que dá a entender que ela está consumindo os seus estoques estratégicos. A dúvida que fica é quando a China voltará ao mercado, comprando intensamente, como fez nos anos anteriores. Os chineses são bons jogadores no mercado financeiro. O governo chinês está tentando controlar o estouro da bolha imobiliária, missão impossível.

Enquanto isso, os agricultores brasileiros ainda têm bons estoques da safra 2021-2022, 40 milhões de toneladas de soja e 50 milhões de milho. Estão segurando, esperando preços melhores. A safra 2022-2023 começa a ser plantada em setembro. As expectativas são de um aumento da área plantada de 5%. Um pouco acima da média histórica, 4%. A produtividade é maior incógnita. As últimas duas safra tiveram quebras significativas, por causa do clima. No Brasil, os preços das commodities agrícolas estão oscilando em torno do pico, por causa da desvalorização do real.]

César Graça

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