As últimas décadas foram marcadas por proibicionismo com motivações políticas em que o racismo e o conservadorismo têm papel central.
 
  
  
  
 
Por Jimmy Fardin

 
Sempre é um tema polêmico, e com muitos argumentos contrários e a favor. Em se tratando da cannabis, o assunto já vem carregado de objeções e preconceitos, devido ao estigma atribuído à planta ao longo dos anos. O uso indiscriminado de qualquer substância seja ela ainda proibida ou não, pode sim causar algum dano, já tentou tomar 4 xícaras de café de uma só vez?

Porém, a atribuição somente à substância de  ser o causador do malefício  é um tanto raso. A preocupação maior deveria ser com o usuário e não com a droga somente. Quem é que está buscando o uso? Por que? Em que ambiente está inserido?

 
Jimmy Fardin é médico ortopedista, especialista em cirurgia do joelho, prescritor de cannabis medicinal

São questões muito mais profundas que não são abordadas ou questionadas se estão sendo cuidadas pelo estado. O álcool por exemplo é liberado, com “restrições “e infelizmente causa muito mais mortes direta e indiretamente à população. Pois seus efeitos são deletérios e nocivos em doses muito menores que a cannabis.

A intoxicação se dá com apenas 10x a dose usual, enquanto a cannabis precisa de mais de 1000 doses para intoxicar um indivíduo. Nem por isso o álcool está proibido. O acesso é bem simples por assim dizer. E quando há uma proibição o usuário vai em busca da substância ilícita em locais de pouca segurança, adquirem uma substância duvidosa (fungos, metais pesados) e arriscando sua saúde e integridade e ainda contribuindo com o tráfico.

Pode ser que o consumo aumente sim, é possível, mas com uma substância de qualidade, com registros e controle adequado a saúde será muito menos prejudicada do que atualmente, pelo contrário se houver um acompanhamento por profissional de saúde habilitado, como vem acontecendo, muitos usuários de forma inalada (uso adulto), passam a usar de forma mais consciente e até por outras vias como a  oral, se beneficiando com as propriedades medicinais na dose mais adequada.

As últimas décadas foram marcadas por proibicionismo com motivações políticas em que o racismo e o conservadorismo têm papel central, alavancando a violência e estigmatização contra pessoas de regiões mais vulneráveis, impulsionando o super encarceramento e, como consequência, o crime organizado. A ciência é hoje o principal responsável pelo retorno da cannabis, não há mais espaço para permanecer proibido.

 https://sechat.com.br/ja-conhece-o-efeito-de-4-xicaras-de-cafe/