Mundial que imortalizou Lionel Messi também marcou a despedida de Cristiano Ronaldo, a melhor campanha de um país africano e mais uma decepção de Alemanha, Espanha e Brasil.
A Copa da coroação de um gênio
Lionel Messi, da Argentina, é carregado por torcedores com a taça da Copa do Mundo — Foto: Hannah Mckay/Reuters
O roteiro perfeito. Aos 35 anos, Messi disputou sua última Copa do Mundo e liderou a Argentina para repetir o gesto de Maradona, em 1986, levantando a Taça Fifa do tão sonhado tricampeonato.
Foi sua melhor Copa. A sua Copa. Sete gols, cinco nos jogos eliminatórios, dois na final contra a França. E com três assistências, o camisa 10 participou de dez dos 15 gols marcados pela Argentina. Messi ainda se tornou o jogador com mais partidas em Mundiais: 26.
Uma Copa com um novo artilheiro em finais
O título não veio, mas Kylian Mbappé segue, aos 23 anos, fazendo história na Copa do Mundo. Artilheiro da competição, com oito gols, o jovem atacante francês com os três que marcou na decisão contra a Argentina se tornou o atleta com mais gols em finais de Mundial - quatro ao todo (tinha feito um na decisão de 2018 contra a Croácia).
Uma Copa de ineditismos
Primeiro africano entre os quatro melhores
Marrocos comemora vaga na semifinal após vitória sobre Portugal — Foto: Reuters
A primeira Copa disputada em um país árabe também foi a primeira a ver uma seleção africana, e árabe, a chegar à semifinal.
Feito que coube a Marrocos, do goleiro Bono, do lateral Hakimi, do zagueiro e capitão Saiss, dos meias Amraba e Ounahi, dos atacantes Ziyech, En-Nesyri e Boufal e do técnico Walid Regragui, que assumiu a seleção apenas três meses antes do Mundial.
Primeiras partidas apitadas por mulheres
A partida entre Alemanha e Costa Rica não marcou apenas a segunda eliminação seguida dos alemães ainda na fase de grupos. Na verdade, o jogo se tornou histórico por outro motivo. Após 92 anos, a Copa do Mundo teve uma partida comandada por um trio de arbitragem feminino, composto pela francesa Stéphanie Frappart, a mexicana Karen Diaz Medina e a brasileira Neuza Back.
Primeira oitavas de final com todos os continentes
Austrália comemora contra a Dinamarca — Foto: Wolfgang Rattay/Reuters
A Copa do Catar também foi a mais democrática dentro de campo. Isso porque pela primeira vez a fase de oitavas de final contou com pelo menos um representante de cada continente.
Foram oito europeus (França, Croácia, Inglaterra, Holanda, Espanha, Portugal, Suíça e Polônia), três representantes das Américas (Argentina, Brasil e Estados Unidos), dois africanos (Marrocos e Senegal), dois asiáticos (Coreia do Sul e Japão) e um da Oceania (Austrália).
Pela primeira vez, Cristiano Ronaldo no banco
Fotógrafos se aglomeram para tirar foto de Cristiano Ronaldo no banco — Foto: Reuters
Aos 37 anos, Cristiano Ronaldo disputou a sua última Copa. E pela primeira vez em uma Copa do Mundo, o craque português começou uma partida no banco de reservas, fato que ocorreu na vitória sobre a Suíça, pelas oitavas de final, e que se repetiu no jogo da eliminação portuguesa, contra Marrocos, pelas quartas.
O primeiro gol de Lewandowski
Lewandowski festeja gol da Polônia contra a Arábia Saudita — Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
Melhor jogador do mundo em 2020 e 2021, o atacante polonês Robert Lewandowski chegou ao Catar sem nunca ter feito um gol sequer em Copas (já havia disputado em 2018, na Rússia). Mas o jejum acabou na vitória por 2 a 0 sobre a Arábia Saudita, com direito ao jogador, de 34 anos, se emocionar na comemoração. Lewa marcaria ainda outro, de pênalti, na derrota por 3 a 1 para a França, nas oitavas.
Uma Copa política
Polêmica da faixa de capitão
Uma das grandes polêmicas dessa Copa começou antes mesmo de a bola rolar, quando a Fifa proibiu o uso da braçadeira dos capitães com a campanha One Love, que trazia as cores do arco-íris como uma mensagem de protesto contra as leis anti-LGBTQIA+ do Catar. Entre as seleções que usariam a braçadeira estavam Inglaterra, Alemanha, País de Gales e Holanda.
Protestos de alemães e ingleses
Time da Alemanha posa tapando a boca em sinal de protesto — Foto: REUTERS/Molly Darlington
Alemanha, Inglaterra e País de Gales não deixaram por menos e protestaram contra a proibição da Fifa, e a ameaça de punição às seleções que usassem a braçadeira da campanha One Love.
Os alemães, antes da estreia contra o Japão, taparam as bocas na foto oficial da equipe. Já ingleses e galeses ficaram de joelhos por alguns segundos antes da bola rolar. Gesto que se repetiu em outros jogos.
Protesto das seleções de Inglaterra e Gales antes de a bola rolar — Foto: REUTERS/Lee Smith
Iranianos não cantam o hino
Jogadores do Irã perfilados para o hino nacional — Foto: Marko Djurica/Reuters
Quem também protestou foram os jogadores do Irã, antes da estreia contra a Inglaterra. Mas por outro motivo. Os atletas não cantaram o hino em apoio aos protestos que ocorrem no país depois da morte da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, após ser presa pela polícia dos costumes por "uso inadequado" do véu islâmico.
Doação de camisas dos holandeses
Outra polêmica envolvendo a Copa no Catar foram as denúncias de abusos sofridos pelos trabalhadores estrangeiros que trabalharam nas obras de infraestrutura do Mundial. O próprio Comitê Organizados estimou entre 400 e 500 mortes de migrantes em meio às construções.
Por conta disso, a seleção da Holanda resolveu leiloar os uniformes utilizados na competição. E já no Catar os jogadores tiveram um encontro com alguns desses trabalhadores.
O protesto silencioso de Ismaila Sarr
Comemoração de Sarr após gol de pênalti em Equador x Senegal na Copa do Mundo — Foto: Maddie Meyer - FIFA/FIFA via Getty Images
Ao marcar o gol de pênalti que abriu o caminho para a vitória e a classificação de Senegal contra o Equador, o atacante Ismaila Sarr tapou os olhos com uma mão e simulou uma arma apontada contra a sua cabeça com a outra. O protesto foi contra a pouca atenção dada pelo mundo às guerras civis no continente africano.
Uma Copa de zebras
Arábia e Tunísia
Dentro de campo, a Copa do Catar também surpreendeu com algumas zebras. Que não pouparam nem os dois finalistas. Logo na sua estreia, a Argentina foi derrotada pela Arábia Saudita, de virada, por 2 a 1, em um resultado que chocou o mundo e pôs fim a uma invencibilidade de 36 jogos da seleção.
Japão eliminando Alemanha (e quase a Espanha)
Outra seleção que surpreendeu nessa Copa foi o Japão, ao vencer Alemanha e Espanha e terminar na primeira colocação do Grupo E. Com isso, os alemães pelo segundo Mundial consecutivo acabaram eliminados ainda na fase de grupos. Já a Espanha também correu risco de ficar de fora, mas avançou em segundo lugar. Tanto japoneses, quanto espanhóis caíram nas oitavas de final
Coreia do Sul tirando Uruguai e vendo a classificação pelo celular
Jogadores da Coreia do Sul se abraçam no meio-campo após apito final contra Portugal — Foto: REUTERS
Outro asiático a se classificar eliminando um campeão do mundo foi a Coreia do Sul, que ao vencer o time reserva de Portugal por 2 a 1 acabou deixando para trás o Uruguai no número de gols pró. No entanto, a vaga só foi comemorada pelos sul-coreanos minutos após o término da partida contra os portugueses, pelo celular, uma vez que o jogo dos uruguaios contra Gana terminou minutos depois.
Uma Copa de decepções
Brasil
Neymar chora após a derrota do Brasil para a Croácia pelas quartas de final da Copa do Mundo 2022 — Foto: REUTERS/Hannah Mckay
Apontado nas casas de apostas como o maior favorito ao título, o Brasil parou novamente nas quartas de final. Dessa vez caindo nos pênaltis para a Croácia. Mesmo abrindo 1 a 0 na prorrogação. Ah, aqueles quatro minutos....
Alemanha
Jogadores da Alemanha deixam o campo após eliminação — Foto: REUTERS/Annegret Hilse
Tetracampeã no Brasil em 2014, a Alemanha caiu pela segunda vez seguida na fase de grupos da Copa. Vexame inédito. Nas dois últimos mundiais, os alemães venceram apenas dois jogos, empataram um e perderam três vezes.
Espanha
Luis Enrique com jogadores da Espanha após derrota nos pênaltis para o Marrocos — Foto: REUTERS/Wolfgang Rattay
A estreia foi promissora com um placar de 7 a 0 sobre a Costa Rica, a maior goleada da Copa. Mas a Espanha não confirmou a primeira impressão nas partidas posteriores e acabou eliminada pela segunda vez nas oitavas de final, nos pênaltis, dessa vez por Marrocos, com um Tiki Taka estéril. Foram 1.050 passes trocados e apenas um chute certo ao gol.
+ Luis Enrique defende cobradores da Espanha e não se arrepende: "Só substituiria o goleiro do Marrocos"
Bélgica e Dinamarca
Bélgica eliminada pela Croácia ainda na fase de grupos da Copa de 2022 — Foto: OZAN KOSE / AFP
Outras duas seleções que fizeram feio no Catar foram Dinamarca e Bélgica. Promissoras antes da bola rolar no Mundial, ambas caíram ainda na fase de grupos.
Dinamarca frustrada em jogo contra a Austrália — Foto: Bernadett Szabo/Reuters
Uma Copa de golaços
Richarlison contra a Sérvia
Duas vezes Mbappé contra a Polônia
Aboubakar contra a Sérvia
Salem Al-Dawsari contra a Argentina
Weghorst contra a Argentina
Casemiro contra a Suíça
Neymar contra a Croácia
Julian Álvarez contra a Croácia
Gvardiol contra Marrocos
En-Nesyri contra Portugal
Mbappé contra a Argentina
Uma Copa das torcidas
Argentinos
Jogadores da Argentina comemoram com a torcida no Estádio Lusail a classificação para a final da Copa do Mundo — Foto: Hannah Mckay/Reuters
Donos dos três maiores públicos da competição (na final contra a França, na segunda rodada contra o México e na semifinal contra a Croácia) os argentinos transformaram Doha em Buenos Aires.
Marroquinos
Torcida Marrocos x França no Al Bayt Stadium — Foto: Reuters
Com a melhor campanha de uma seleção africana e árabe na história, os torcedores marroquinos invadiram o Catar e também deram um show à parte.
Sauditas
Torcedores sauditas comemoram em Doha a vitória sobre a Argentina — Foto: Pedro Nunes/Reuters
Após a vitória da Arábia Saudita sobre a Argentina, um mar verde tomou conta de Doha, com torcedores em êxtase. Foi o único triunfo da seleção na Copa, que depois perderia para Polônia e México.
Brasileiros
Bandeira homenageando Pelé em Brasil x Coreia do Sul — Foto: Bruno Cassucci
Em campo, o Brasil decepcionou, mas nas arquibancadas a torcida brasileira se fez presente e, na partida contra a Coreia do Sul, pelas oitavas de final, fez uma bonita homenagem ao Rei Pelé, que segue internado para exames e reavaliação da quimioterapia que faz para tratar um câncer no cólon. Após o jogo, os atletas também abriram uma faixa de apoio no gramado.
E uma Copa das famílias
Mães de Marrocos
Sofiane Boufal comemora vitória do Marrocos com a mãe — Foto: Paul Childs / Reuters
Uma das imagens marcantes dessa Copa foi a comemoração dos jogadores da seleção de Marrocos com as mães no gramado após a histórica vitória sobre Portugal nas quartas de final. Entre eles, o atacante Boufal, o lateral Hakimi e o técnico Walid Regragui.
Consolo do filho do rival a Neymar
Neymar abraça filho de Perisic após eliminação do Brasil — Foto: REUTERS/Lee Smith
Um dos jogadores brasileiros mais desolados com a eliminação para a Croácia e o adiamento do sonho do hexa foi Neymar. E ainda no gramado, o camisa 10 foi consolado pelo pequeno Leo, filho do atacante croata Perisic, no centro do campo.
O consolo do paredão polonês
O goleiro Szczesny, da Polônia, foi consolado pelo filho Liam, de 4 anos — Foto: Reprodução
Ao lado do atacante Lewandowski, o goleiro Szczesny foi o grande nome da Polônia. Mas eles não foram suficientes para levar à seleção a ir mais longe na Copa, sendo eliminados nas oitavas para a França. Ao menos, o paredão polonês ganhou o consolo do abraço do filho na saída de campo.
Festa dos vencedores
Família de Messi comemora o título da Copa do Mundo — Foto: Reuters
E obviamente os campeões também tiveram direito de comemorar com os familiares ainda dentro do gramado. Tanto a Argentina, nova tricampeã do mundo, quanto a Croácia, que levou a disputa do terceiro lugar. Mimos merecidos.
Luka Modric com os filhos Ema, Ivano e Sofia — Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP